Lembro-me também, muito pequenina, talvez com uns três anos, os meus pais costumavam ouvir um disco tristíssimo, do Vitor Espadinha, que começava assim: ”Foi em Setembro que te conheci” e para mim aquelas palavras e as cordas que entravam só depois, tocavam-me profundamente – e ainda eu nem sabia o que era o amor no sentido sensual. Eu fechava os olhos e tentava experimentar que sensação era essa, a de recordação e de perda, e ficava profundamente triste... até a minha mãe ficar aflita e tirar o disco.
Setembro é um mês de arrumações, de reflexão, de balanço antecipado de final de ano e é também a reentré. Poucos meses encerram em si o fim e o começo, como o Setembro.
E depois há o fresco e as uvas, há o cristalizar das rotinas e as primeiras folhas de plátano no chão, há as azeitonas mornas, espuma das marés vivas e os candeeiros de rua atrasados. Setembro é o derradeiro momento antes de nos recolhermos. Escrevo este post depois de vestir um casaco e enquanto como as uvas mais doces do ano. Em Outubro comerei castanhas.
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