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segunda-feira

Já passou um mês e três dias

e agora já consigo recordar cada momento daquele dia com outra luz. O momento em que fui mãe.
Ouvia-a antes de a ver e o choro dela ficou automáticamente impresso no meu ouvido. A partir daquele momento conseguia claramente destinguir a minha filha de entre todos os outros choros que povilhavam os corredores do hospital.
O segundo momento que recordo foi quando ma colocaram em cima do meu peito só para eu a poder ver. Os olhinhos dela bateram nos meus e foi o momento mais bonito da minha vida. Deixei de ouvir os médicos e as enfermeiras, os sons metálicos das pinças e das tesouras estavam lá longe. E Ela pareceu-me tão bonita, tão chinesa, tão sujinha e ainda assim tão pura. Senti claramente as minhas hormonas a expandirem-se e a latejar, e mesmo antes de a levarem senti uma responsabilidade tão grande que nunca mais me largou. Naqueles segundos a minha vida fez click e eu percebi a razão de ter vindo a este mundo. Agora tudo isto faz sentido. Agora sim.
O terceiro momento foi quando lhe dei de mamar pela primeira vez, achei-a tão pequenina e tão frágil e depois o Paulo chegou e senti que ele nos vinha salvar, às duas. A felicidade estava conosco e não nos abandonou desde então.
Dito assim até parece que não custa nada, mas é verdade o que dizem... as coisas más nós esquecemo-las rápido.

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