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sábado

Estar grávida

Esta é a minha primeira gravidez. Sabia que o estava, devia ter apenas uma semana de gestação. E não foi só porque a minha amiga Rita já me tinha dito que eu estava... eu tinha a certeza.

Primeiro veio aquela sensação de que está tudo a olhar para a minhas mamas... deixem que me explique: mamas foi coisa que nunca tive nem senti falta, habituada que estava à ausência delas, sempre fui muito leviana em relação a sotiens e à fundura do decote. De um momento para o outro passei a dar espectáculo de graça, ao ponto de o meu marido ter ameaçado alguns tipos na rua... foi aí que percebi que algo tinha mudado.

Depois vieram os ataques de sono a meio da tarde que me deitavam por terra.
Quando tinha 7 dias de atraso fiz o teste: o sangue abandonou-me o cérebro e por momentos toda a imagem para além daqueles 2 tracinhos ficou desfocada. Fui acordar o Paulo ainda um pouco trémula e depois de nos terem chegado as lágrimas aos olhos, abraçámo-nos.

Daquele dia até cá passou muita coisa: tive enjoos, fomes indescritíveis, rezei para não ter desejos de macaco do nariz, os sentidos apuraram-se para o dobro, e chorei ao ver anúncios publicitários. Mau mesmo? O dia em que vesti a cinta pela primeira vez (senti que tinha deixado de ser a miúda sexy que sempre senti que era), o dia em que me incharam os pés de tal forma que eu não deixava o meu marido aproximar-se para os examinar, com medo que ele deixasse de gostar de mim (sim estas coisas passam-nos pela cabeça) e, os sermões da minha médica relativamente ao aumento de peso.

No entanto este é um estado de graça, porque só nós sabemos o que é trazer um Ser na barriga que pontapeteia em reacção ao que comemos ou a cada volta na cama. A sensação de sentir a minha filha dentro é de uma profunda serenidade. Tão perto que ela está, nunca ninguém esteve... e creio que é por isso que não há nenhum amor que se sobrepõe ao que sentimos pelos filhos.
Tudo agora faz sentido, até cachecol do Celtics que o Paulo tem: "you will never walk alone".

sexta-feira

Tenho saudades de...


ler o DNA. Até me lembro do cheiro que tinha, muito por causa da tinta e da textura das fotografias do Augusto Brázio. Depois vinha o tempero das reportagens da Sónia Morais Santos. Os passeios da Camila Coelho, por Lisboa. O Sir Miguel Esteves Cardoso em directo do Hotel Palácio, no Estoril. As entrevistas da Anabela Mota Ribeiro e do Carlos Vaz Marques, de uma forma que não se aprende a fazer na universidade. O garfo do João Gobern. 

Do Mário Vargas Lhosa ao Carlos Quevedo passando pelo Edson Athaide tudo sob a batuta do Pedro Rolo Duarte. Não ficava nada por ler e isso era uma sensação óptima, para quem gosta de empregar bem o seu dinheiro. Era como se de repente saíssemos da nossa vida e fossemos parar a um qualquer lugar cheio de sentido, bom humor e sobretudo, cultura.


Fernanda Câncio

A jornalista Fernanda Câncio assina uma crónica do Notícias Magazine (20 Jan), que submete ao tema "Do lixo, com glamour". Ora, ela fala de pessoas que, como ela, recolhem objectos abandonados, velhos, decrépitos, do lixo, da rua ou dos contentores das obras. Fala das pessoas que tão carinhosa e determinadamente acolhem estes "seres" nas suas casas e lhes dão nova vida e novo uso. Com a sua forma sempre deliciosa de apontar o dedo, Fernanda consegue fazer com que este tipo de pessoas (com as quais me identifico totalmente, eu própria estou sempre de vigília à berma) pareça normal aos olhos dos outros. Obrigado!

Voltei ouvir...

Kid Loco

segunda-feira

Quero um

O livro é enorme e chama-se "Bright Young Things" de Brooke de Ocampo (autora) e Jonathan Becker (fotógrafo). A jornalista e trend setter conseguiu convencer esta gente (Moby, Lulu de Kwiatkowski, Jane Lauder, Patricia Herrera), muito novinha e cheia de bom gosto, a mostrar as suas casas. Assim temos um apanhado de ideias fresquinhas sobre espaços pessoais.

Boas ideias

Há muito que soube do bookcrossing, mas só agora vou largar o meu primeiro livro.
Esta ideia nasceu com um objectivo: fazer uma biblioteca mundial, de livros grátis, assente no "lê e liberta". Com mais de 600 mil membros, e quase 5 milhões de livros registados a circular, o bookcrossing promove não só a leitura como a libertação material. Eu vou fazer batota e vou libertar um livro repetido. Vou largá-lo num banco de jardim.

Adoro descobrir...

...gente a fazer coisas lindas. É o caso da Yellena. Tão boa em acrílico sobre madeira como em canetas sobre papel. Também faz umas originais matrioscas que lhe vou encomendar quando tiver mais dinheiro.



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Outra artista cujo trabalho vale a pena contemplar é a fotógrafa Alicia Bockebuchet ms;">. Fotografias cheias de ruído e de grão, todas com uma luz que apetece beijar.
E para quem, como eu, adora aprender a fazer, fica aqui este link.

"Mujeres que corren con los lobos" de Clarissa Pinkola Estés

Continuo a ler "Mujeres que corren con los lobos. Mitos y cuentos del arquétipo de la mujer selvaje" de Clarissa Pinkola Estés. A autora, uma psicóloga e psicanalista junguiana, apaixonada por contos que passam de geração em geração, faz uma análise profunda destas histórias. Ela foi descobrir a história original e as suas origens, dos contos que todas nós conhecemos, tais como o "Patinho feio", a "Cinderela" ou o "Barba azul". Toda a sua análise tendo sempre em conta a história original (às vezes bem diferente das versões modernas) mostra como é importante, para nós mulheres não nos divorciarmos do animal (a loba, a deusa) que vive dentro de nós. Segundo ela, muitas das maleitas de que sofre a sociedade feminina de hoje têm a ver com esta dissociação. Estou muito de acordo com a teoria de que a mulher sã é aquela que se assemelha à loba: dadora de vida, vigilante do seu espaço, intuitiva, poderosa e meiga. Estou muito feliz por estar a ler este livro enquanto estou grávida, porque eu sinto-me muito mãe-
loba. E estou ansiosa que a Catarina nasça porque quero lamber-lhe o rosto, os cabelos, as mãozinhas...

A minha versão é em espanhol, mas sei que há uma versão "brasileira".

quinta-feira

O que é Português é bom e há já muito tempo!

Nunca fui uma nacionista descabelada. Não penso sê-lo. Apenas fico realmente consumida quando os nuestros hermanos, usam coisas portuguesas e ficam atónitos quando descobrem que aquelas preciosidades nasceram por cá.

Há coisa de três anos, a minha directora (espanhola) veio a Portugal, numa das suas visitas, e no final do dia pediu-me para ir com ela às compras. Ela pediu especificamente para irmos ao Colombo. 

Levei-a lá e ela insistiu em ir comprar um queijo que tínhamos degustado à hora do almoço: queijo de azeitão. Entrámos no Continente e ela diz-me: "Qué guay, también tenéis Continente...". Eu respondi-lhe: "Qué Guay nada... vocês é que também têm Continente. Estes hipermercados são capital totalmente português!" ao que ela respondeu: "No me digas? Qué fuerte! Pensaba que eran españoles!" Pela primeira vez na vida devo ter-me passeado por um hipermercado de peito feito. Creio que até me permiti a demorar-me um pouco mais do que seria normal.

Outros exemplos: Sabonetes Claus, Fly London, Iogurtes adágio, Lanidor, Renova, Hera...

ainda não vos disse...

vem aí uma menina. Eu queria guardar a surpresa para o dia do parto, mas não aguentei. Já não bastam as incertezas que as novas tecnologias da maternidade nos deixam na cabeça.

Eu e o Paulo ficámos realmente felizes. Embora o importante é que venha com saúde, nós estávamos a torcer para que fosse uma pufinha (Catarina). Já estou a fazer-lhe um vestidinho... prometo trazer fotos da evolução do mesmo, mais adiante. Tem sido uma experiência engraçada, pois estou a fazê-lo inteiramente à mão. A minha máquina de costura não quer nada comigo e eu decidi avançar sem ela.

Voltei a ouvir...


Nitin Swahney. É o meu top of the list.

sábado

tenho saudades de...

...ir ao mise en scene. Este restaurante em Cascais servia a qualquer hora. Passei lá muitas e felizes. Era um restaurante pequeno, colorido com uma decoração confusa, mas fantástica. Paredes de todas as cores, retratos da familia com dourados e lantejoulas, nenhuma cadeira tinha par e as mesas eram pintadas à mão ou feitas de mosaicos antigos. Ali encontravamos sempre amigos e uma lista de chás deliciosos que não se conseguem encontrar em mais lado nenhum. 

Era a própria Blak (propriétaria de origem belga, mas consagrada cidadã do mundo) que viajava ao Egipto ou a Marrocos para os ir buscar, quando nós lhe esgotávamos o stock. Dentro daquele espaço as ideias surgiam naturalmente e as conversas eram sempre únicas. Tenho saudades das cores, dos brilhos e das improvisações na decoração. Já para não falar de que foi ali que há muitos anos atrás ouvi pela primeira vez Nitin Swahney, Gotan Project ou Kid Loco. Antro de criatividade!

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