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sexta-feira

Os livros




Queira Deus que o interesse dela pelos livros assim se mantenha. Ela adora-os, folheia-os, palrra com eles e esfrega os seus cantos nas gengivas, numa tentativa desesperada de fazer sair os dentes presos. Gosta deles mais para o maneirinho, fáceis de pegar, mas não é esquisita quanto ao conteúdo, pode ser um Mario Vargas Llosa, um Hugo Gonçalves ou Eckart Tolle.

No caso do segundo é especialmente engraçado porque a contra-capa do livro é ocupada por uma fotografia gigante do autor, e eu espatifo-me a rir ao ver a minha filha a babar-se e a tentar lamber a cara de uma das minhas primeiras paixões na vida. Era eu uma miúda de farda do colégio Luisa Sigea, óculos e aparelho nos dentes, ele o maior gozão de que há memória na história dos Salesianos.

E eu que o achava tão giro e tão convencido, nunca imaginaria que o futuro dele passaria, 20 anos mais tarde, por autorias do dito espalhadas pela minha sala.

A escrita parece-me ser-lhe automática, disparada, como uma máquina fotográfica em modo contínuo a captar cenas, das quais ele, depois, muito habilmente, escolhe as melhores. Seco, quase jornalístico - talvez porque também o é -, uma frase, uma ideia, mas contundente. Não nos deixa respirar. É difícil acompanhá-lo, porque ele escreve imagens e isso obriga-nos a ir ver.

Eu sugiro especialmente o segundo livro, onde ele ousou pensar um mundo sem mulheres. "O coração dos homens", Oficina do livro.

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