Todas as que escrevemos blogs bonitos sobre a maternidade queremos deixar a marca de que tudo isto é um mar de rosas e talvez tenhamos que carregar a culpa de não dizer toda a verdade. Nessa culpa encerramos a imagem da super mulher que consegue tratar de tudo, filhos, marido, cão, profissão, casa e carro, refeições e roupa e algumas de nós, armadas em espertinhas criativas, ainda dar uma de super prendadas "que-sabemos-fazer-um-monte-de coisas-giras-e-artísticas". - shame on me - Damos a impressão de que a vida é perfeita, todos os momentos são felizes, onde não há espaço para nada que não condiga com a cor do blog.
Mas a verdade não é essa. Tratar de uma criança exige muito de uma mulher. Todas as mulheres do mundo passam por isso, mas o facto de todas passarem não lhe retira a exigência física, psicológica e emocional que é tratar de uma criança. Os nossos maridos ou companheiros, por mais compreensivos que sejam, e por muito que se esforcem, não sabem, nem vão saber o que é essa exigência física, psicológica e emocional.
Hoje uma amiga minha, que também foi mãe há pouco tempo dizia-me: "se eles soubessem o que isto é e no que isto nos torna, tratavam-nos nas palminhas sempre a perguntar "o que é que precisas?", "o que é que eu posso fazer mais?", e bastaria ouvirem uma vez os nossos pedidos de ajuda, para assumirem a sua quota parte nas tarefas".
Quando me perguntam se o meu marido ajuda... sim, ele ajuda mais do que o meu avô ajudou a minha avó, muito mais do que o meu pai ajudou a minha mãe, ou até muitíssimo mais do que alguns maridos de amigas minhas, agora. Numa média, ele estará, porventura acima dela. Mas essa ajuda chega? NÃO.
Sob a capa dos "maridos que até ajudam", residem os velhos machistas que acham que nós somos super mulheres. São exigentes, criticam a nossa forma de fazer as coisas, não reparam na quantidade de vezes que nós nos levantamos por noite, não fazem caso nenhum a pedidos simples de quotidiana organização da casa, dão por adquirido uma casa arrumada e limpa (na cabeça deles a casa limpa-se sozinha), às vezes até nos fazem sentir más mães, só porque lhes pedimos ajuda em tarefas supostamente "nossas" (porque assim sempre foi), e se o nosso grau de exaustão nos leva às lágrimas, passamos a ser as neuróticas com um problema de depressão pós-parto por resolver. E este problema passa a ter costas largas para tudo.
Hoje, depois de uma interessante e acesa conversa sobre a justa divisão de tarefas, o meu marido perguntava-me como é que eu me podia sentir cansada, se tinha passado 5 meses em casa a cuidar da Catarina...
É que a ele pareceram-lhe umas férias.
Qualquer mulher que já foi mãe saberia que palavras usar para lhe responder, mas é melhor não usar essas palavras, não é?!
1 comentário:
Puts Vanessa, falou tudo, eu me sinto exatamente igual, por mais que meu marido me ajuda nunca é o suficiente porque o pior sempre fica para nós. Eu também acho que a licença de maternidade não é umas férias, pelo contrário, nunca me senti tão cansada em minha vida. Todos os dias qdo. levanto respiro fundo e tento buscar forças não sei da onde para poder ser uma boa mãe, para que meu cansaço não seja descontado em meu filho, tem horas que entro em desespero, mais aí vem aquele sorriso mais sincero que já vi em toda a minha vida e logo penso que apesar de tudo vale a pena continuar.
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